Apple alerta investidores que futuros produtos podem nunca ser tão lucrativos quanto o iPhone

há 5 meses 7

A Apple alertou os investidores de que futuros produtos podem nunca alcançar a lucratividade de sua linha de iPhones, à medida que a empresa avança em mercados ainda inexplorados, como IA (inteligência artificial) e headsets de realidade virtual.

A fabricante do iPhone adicionou esse novo alerta sobre crescimento e margens de lucro em seu relatório anual, na lista de "fatores de risco" enfrentados pela empresa.

"Novos produtos, serviços e tecnologias podem substituir ofertas existentes e produzir receitas e margens de lucro menores", afirmou a Apple, "o que pode impactar negativamente de maneira significativa os negócios, os resultados operacionais e a condição financeira da empresa".

A Apple rotineiramente alerta investidores em seus relatórios anuais sobre impactos de competição, câmbio, questões na cadeia de suprimentos e outros fatores que podem colocar "volatilidade e pressão para baixo" sobre suas margens.

O mesmo documento de anos anteriores sugeria que lançamentos de novos produtos poderiam ter "estruturas de custo mais altas". No entanto, até agora, a Apple não havia sido tão direta ao abordar o perfil financeiro de seus futuros produtos.

Em outra parte do novo relatório, a Apple incluiu novos avisos sobre o impacto potencial das "tensões geopolíticas" —uma expressão ausente de seus fatores de risco há vários anos— além dos riscos de segurança associados a novos recursos de IA.

Essas revelações vêm no momento em que a Apple investe pesadamente em IA para alcançar concorrentes como Google e Meta, bem como em seu novo headset Vision Pro de "computação espacial".

Os primeiros recursos de "Apple Intelligence" foram lançados na semana passada, com mais —incluindo a integração do ChatGPT ao assistente Siri— previstos para os próximos meses.

A Apple também enfrenta pressão regulatória sobre sua App Store e outras áreas de seu lucrativo negócio de serviços, enquanto a recente vitória antitruste dos Estados Unidos contra o Google ameaça cortar bilhões de dólares em receitas de licenciamento que a Apple atualmente recebe do grupo de buscas.

Warren Buffett revelou no sábado que a Berkshire Hathaway reduziu sua participação na Apple em quase dois terços em pouco mais de um ano.

Na semana passada, a Apple divulgou um aumento de 6% na receita, para US$ 94,9 bilhões (R$ 545,3 bi) no trimestre encerrado em 28 de setembro, com margens brutas recordes de 46,2%.

De acordo com previsões coletadas pela Visible Alpha, a maioria dos analistas de Wall Street projeta que as margens brutas da Apple continuarão subindo nos próximos anos, chegando a 49% até o final da década.

No entanto, outros dizem que os novos produtos da Apple não necessariamente alcançarão as margens do iPhone e dos serviços associados, que incluem assinaturas de música e vídeo, pagamentos móveis e armazenamento em nuvem.

"Estamos em um momento com muitas incertezas", disse Gene Munster, da Deepwater Asset Management, sobre a entrada da Apple em novas categorias de produtos.

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O headset Vision Pro da Apple, seu primeiro novo dispositivo de computação em anos, tem um preço de US$ 3.499 (R$ 201, mil) e teve vendas limitadas até agora.

Munster também levantou a questão de como o negócio de serviços da Apple lucrará com a IA generativa, além de usar os novos recursos para impulsionar as vendas de dispositivos. Atualmente, a Apple não cobra uma taxa separada pelo acesso a recursos de IA, que funcionam apenas em seus iPhones mais recentes.

A margem bruta da Apple aumentou de 33% em 2007, ano em que o iPhone foi lançado, mantendo-se em cerca de 38% ou mais na última década.

Apesar da intensa concorrência de rivais de menor custo no mercado de smartphones, onde o crescimento desacelerou nos últimos anos, a margem bruta da Apple ultrapassou os 40% desde 2021, à medida que mais clientes optam por iPhones de maior preço.

O crescimento do negócio de serviços da Apple, que agora caminha para gerar US$ 100 bilhões (R$ 574,7 bi) em receitas anuais, ajudou a impulsionar essa margem, em parte graças aos pagamentos do Google para ser o mecanismo de busca padrão do iPhone. A margem bruta dos serviços da Apple supera 70%, em comparação com 36-37% para seus produtos de hardware.

"É um momento interessante para a Apple", disse Dan Newman, CEO do Futurum Group, observando que, embora a empresa esteja avaliada em cerca de US$ 3,4 trilhões (R$ 19,5 tri), sua taxa de crescimento está em um dígito médio.

Tradicionalmente, a Apple focava em melhorias de hardware em cada nova geração do iPhone, disse Newman. Com o software de IA agora sendo o grande atrativo dos seus últimos telefones, a empresa precisou se proteger, acrescentou.

"Acho que o modelo de negócios da Apple está mudando e eles provavelmente estão incluindo alguma linguagem de proteção legal que reflete isso."

A Apple se recusou a comentar.

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