Seja para complementar o orçamento ou para gerar independência, aplicações financeiras podem render valores mensais na conta do investidor. O dinheiro garantido na conta sem necessariamente ter que trabalhar é chamado de "renda passiva" e pode incluir ações, fundos imobiliários (FIIs), CDBs e títulos do Tesouro, entre outros.
Carlos Castro, planejador financeiro e CEO da plataforma de planejamento SuperRico, afirma que tanto investimentos de renda fixa quanto de variável podem gerar ganhos extras no fim do mês.
Na primeira classificação, existem os títulos do Tesouro Direto, como os pré-fixados, que pagam juros trimestrais ou cupons, e o IPCA+, que paga juros semestrais. Além disso, o investidor pode aplicar em CDBs de liquidez diária, em que se pode resgatar juros a qualquer momento.
Em relação aos de renda variável, ações e fundos imobiliários são recomendados pelo especialista, além da previdência privada, que tem um funcionamento híbrido. "Após contratar uma previdência, o cliente vai poder escolher no futuro se prefere resgatar tudo ou em forma de renda passiva", diz.
Segundo Carolina Borges, analista de research e especialista em fundos imobiliários da EQI Research, um erro comum ao investir em renda passiva é acreditar que o desempenho do investimento nos últimos 12 meses irá se repetir. "O ideal é você tentar entender ao que vai estar exposto. Um FIIs, ação ou outro ativo com bom retrospecto pode não ter o mesmo desempenho no futuro".
Fundos de tijolo e IPCA são indicados por analistas
Entre os investimentos que podem gerar renda mensal com certa previsibilidade, Borges indica os fundos imobiliários. "Eles são conhecidos como bons pagadores de dividendos mensais, apesar de não precisarem fazer esses pagamentos todos os meses", diz.
Os FIIs são compostos por investimentos no setor, sem a necessidade de comprar os imóveis fisicamente. O investidor se torna um dos "donos" de um conjunto de propriedades, administradas por um gestor. Os lucros gerados pela exploração desses imóveis são divididos entre os cotistas.
Dentro desta classe de investimento, os fundos de tijolo, focados em empreendimentos físicos como shoppings, galpões logísticos e escritórios, apresentam ainda maior garantia, afirma Borges.
"Você tem um contrato de aluguel por dez anos ou 15 anos, que é reajustado anualmente pela inflação. Pode ter entradas e saídas de inquilinos, alguma rescisão no meio do caminho, mas a constância dessa renda é atrativa ao investidor", diz.
Além dos fundos imobiliários, a analista da EQI Research indica os fundos de infraestrutura (FI-Infra), que investem em títulos de dívidas emitidos por empresas para realizar projetos. Ela destaca que também não há obrigatoriedade de distribuição de dividendos mensais neste tipo de ativo, mas grande parte deles segue esta frequência de pagamento.
"Se você montar uma carteira com títulos com juros semestrais e trimestrais, sempre terá um investimento pagando no mês. Nem toda a carteira precisa pagar mensalmente, é possível equilibrar aplicações", diz Borges.
Carlos Castro, da SuperRico, concorda e afirma que uma estratégia adequada para a carteira de renda passiva é diversificar. "Combinar diferentes ativos e produtos é o ideal. Na renda fixa, existem os pós-fixados, que são mais conservadores que os pré-fixados, e os investimentos que acompanham o IPCA. Em renda variável, há uma maior volatilidade. Então, o recomendado é não concentrar todos os dividendos em fundo imobiliários ou ações, por exemplo", diz.
Tempo conta a favor de investimentos de renda passiva
O investidor precisa compreender suas prioridades e objetivos antes de definir o ativo de renda passiva. Segundo a analista da EQI Research, ao montar uma carteira de ativos, o cliente precisa se perguntar o quanto está disposto a esperar para ter uma valorização.
"Se é uma pessoa jovem, que começou a trabalhar, está construindo patrimônio e tem mais 30 anos de atividade de renda ativa pela frente, ela, em tese, pode se dar ao luxo de investir em empresas que estão crescendo e ganhando mercado, e que podem aumentar os dividendos do acionista no futuro", afirma Borges.
Folha Mercado
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Por outro lado, quando o investidor já está numa idade mais avançada, é recomendado priorizar ativos mais consolidados e que estão gerando bastante caixa, ela diz. "A pessoa pode aumentar a proporção de FIIs e ter uma parcela de renda fixa com CDBs e outros títulos que vão realizar pagamentos mensais".
O melhor caminho para o investidor é definir uma estratégia, respeitar seu perfil —seja conservador, moderado, arrojado ou agressivo— e trabalhar bem esse horizonte de tempo, ela afirma.
"Um bom investimento é aquele que compro e tenho confiança para segurar por bastante tempo. Quanto mais manter um ativo na carteira, mais bem remunerado você será. Quem tem urgência do dividendo hoje, acaba abrindo mão desse crescimento", diz Borges.
Caminhos para investir em aplicações que dão renda mensal
Renda fixa: paga juros em prazos determinados, que podem ser conhecidos previamente ou calculados na data de pagamento
- Títulos do Tesouro Direto, como os pré-fixados e o IPCA+: rendem juros trimestrais ou semestrais;
- CDBs de liquidez diária: possibilitam resgatar juros a qualquer momento
Renda variável: aqueles cujo retorno é imprevisível devido às oscilações do mercado. Rendimentos podem ser superiores por conta do risco maior
- Ações: podem ser resgatadas a qualquer momento. No caso de compra e venda, o saldo será debitado ou creditado, respectivamente, em 2 dias úteis
- Fundos imobiliários: costumam fazer pagamentos mensais
- Fundos de infraestrutura: geralmente fazem pagamentos mensais
Híbridos: investidor pode tanto aplicar em investimentos de renda fixa quanto de renda variável
- Previdência privada: pode ser composta por fundos de previdência com investimentos em renda fixa, balanceado, multimercados ou ações. Pode ter um recebimento mensal temporário ou vitalício.