A desaceleração do IPCA para 0,39% em novembro, como divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10), trouxe preocupações entre analistas sobre a qualidade da composição da inflação. Apesar de o índice ter ficado próximo das projeções do mercado, economistas destacaram a pressão persistente em serviços e alimentos como sinais de alerta.
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o balanço qualitativo do IPCA foi preocupante. Ele destacou o impacto do aumento no preço da carne e dos serviços de alimentação e recreação, o que levou à maior média móvel trimestral dos núcleos de serviços desde abril de 2023. “A aceleração dos serviços indica mais custo para ancorar as expectativas de inflação”, afirmou Costa, que projeta inflação de 4,8% para 2024 e 5,2% para 2025.
Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, também apontou para uma dinâmica inflacionária pressionada pelos serviços, ainda que os números estejam dentro das projeções da instituição. “Os serviços apresentaram uma pressão maior do que prevíamos, e nossa perspectiva para o IPCA de 2024 foi revisada para 4,8%”, afirmou.
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Já Nicolas Borsoi, da Nova Futura Investimentos, observou que a desaceleração do IPCA foi parcialmente influenciada por fatores sazonais, como a Black Friday e a redução na bandeira tarifária de energia elétrica. Contudo, ele destacou a piora na média anualizada dos núcleos e serviços, projetando impactos sobre a política monetária: “A qualidade da inflação sugere um aumento de 1,0 ponto percentual na Selic e um tom mais hawkish (tendente à alta de juros) do Banco Central.”
Os economistas do Itaú Unibanco, por sua vez, consideraram o IPCA de novembro em linha com suas estimativas, mas alertaram para a pressão persistente em serviços subjacentes, refletindo o mercado de trabalho aquecido. “A composição foi pior do que esperávamos, com surpresas nos serviços de alimentação fora de casa e beleza. Esperamos que os serviços continuem sob pressão”, afirmaram.
Embora os números tenham vindo próximos das projeções, o consenso entre os analistas é de que os fatores estruturais, especialmente os serviços, devem exigir maior vigilância da política monetária nos próximos meses.