A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) formou a primeira turma do curso de Cannabis Medicinal. Receberam diploma 70 jovens pré-candidatos a vereadores, que passaram por dez horas de aulas com médicos e advogados, entre outros especialistas. Pacientes também deram contribuições, dividindo com eles as experiências antes e depois do uso da terapia canábica. Além de informar, o curso tem como objetivo diminuir o preconceito, que ainda é enorme dentro e fora das casas legislativas.
A ideia da implantação do curso foi do deputado Caio França (PSB), autor da Lei Estadual 17.618/23, que incluiu a Cannabis medicinal no Sistema Único de Saúde (SUS). Aprovada há pouco mais de uma ano, a lei saiu de fato do papel no fim de junho, quando as farmácias do SUS começaram a distribuir o óleo de CBD para algumas patologias específicas. Ao menos 15 estados já aprovaram a inclusão da terapia canábica na cartela de medicamentos da saúde pública. Trata-se de uma mudança de paradigma, que começou há 10 anos, quando a Anvisa aprovou a importação do primeiro CBD para uma criança, Anny Fischer, que sofria de CDKL5.
Apesar dos avanços, há muito trabalho pela frente até que as casas legislativas aprovem uma regulação capaz de explorar tanto os benefícios da terapia canábica como a potencialidade do cânhamo industrial, que é uma subespécie da Cannabis, com menos de 0,3% de THC (Tetrahidrocanabidiol,) substância psicoativa da planta, que nessa concentração não dá nenhum "barato". Proporcionar informação de qualidade aos legisladores – ou para quem quer virar um – é passo importante para mudança de mentalidade, que não deixa projetos específicos saírem da gaveta do Congresso. Para marcar a iniciativa, os alunos da primeira turma da Alesp tiveram direito à cerimônia de formatura e certificado de conclusão.