Ainda há espaço para expansão, puxada pelo café especial, diz CEO da Pilão e L'Or

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O café é um produto que está presente em quase todos os domicílios brasileiros. Ainda assim, há espaço para expansão do mercado no país, acredita André Maurino, presidente da JDE Peet’s no Brasil.

Ele afirma que um dos fatores que deve puxar essa expansão é o consumo de cafés especiais –aqueles mais sofisticados. O irônico é que o principal rótulo da JDE no Brasil é a Pilão, que costuma ser associada a um consumo mais popular.

Ou costumava. De olho na alta da gourmetização, a empresa lançou uma versão de Pilão superior, justamente com o objetivo de abocanhar parte desse mercado mais exigente, que cresce em ritmo muito mais acelerado do que o segmento tradicional.

"O brasileiro é um dos maiores consumidores de café do mundo, tanto em volume quanto em variedade de produtos", diz Maurino em entrevista por e-mail ao Café na Prensa. "Acreditamos no potencial de crescimento da categoria no país. Ainda há espaço para expansão, impulsionada pela crescente demanda por cafés especiais, inovação e expansão do mercado fora do lar", diz.

Essa atenção ao segmento premium se reflete em várias ações da empresa nos últimos anos, como a parceria firmada com a Ferrari para a L'Or –outra marca do grupo– ser o café oficial da equipe nas corridas do mundial de Endurance pelo mundo.

Questionado sobre a rastreabilidade dos grãos que adquire, Maurino diz que a JDE trabalha para, globalmente, atingir um portfólio de origem de café 100% "responsável" até 2025. A definição de "responsável" utilizada pela empresa, contudo, é vaga. "Nós definimos café de origem responsável como um café que melhora diretamente a vida de produtores e seus funcionários, e que preserva a paisagem de onde é colhido", diz.

O CEO foi questionado também sobre um problema recorrente da cadeia de suprimento de café: as condições de trabalho degradantes e, em alguns casos, análogas à escravidão. O cultivo de café é a quarta atividade econômica com mais empregadores na lista suja do trabalho escravo, atrás apenas da produção de carvão vegetal, da criação de bovinos para corte e de serviços domésticos.

Apesar disso, muitas indústrias lavam as mãos para essa realidade e terceirizam a responsabilidade exclusivamente para os fazendeiros.

Maurino, contudo, afirma que "a JDE Peet’s adquire o café verde por meio da escolha de fornecedores idôneos, representantes de cooperativas, exportadores ou outros comerciantes, com atuação transparente, sem irregularidades e que não cometam nenhum tipo de violações trabalhistas e dos direitos humanos".

Diz ainda que a empresa monitora constantemente o cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo, mantido pelo governo federal, a fim de "eliminar qualquer possibilidade de negociação com produtores rurais envolvidos em irregularidades, sejam elas trabalhistas e/ou ambientais".

A JDE é uma empresa holandesa fundada em 1753. Com presença em mais de cem países, é uma das maiores companhias de café do mundo e também atua no mercado de chás. No Brasil, é dona de rótulos como Pilão, L'OR, Café do Ponto, Caboclo, Café Pelé, Damasco e Café Maratá.

RAIO-X | André Maurino, 51

Formado em administração de empresas, com MBA pela FGV, está há seis anos como diretor-presidente da JDE Brasil, uma subsidiária da JDE Peet's. Possui mais de 20 anos de experiência como executivo C-Level em empresas como Makro e Carrefour, onde atuou como diretor financeiro. Entrou na JDE Brasil em 2012 e atou como diretor financeiro e diretor comercial e vendas.

RAIO-X | JACOBS DOUWE EGBERTS (JDE)

  • Ano de fundação: 1753
  • Sede: Holanda
  • Atuação: mais de 100 países
  • Segmento: Cafés e Chás
  • Receita (2023): 8,2 bilhões de euros (cerca de R$ 50 bilhões)
  • Ebit ajustado (2023): 1,1 bilhão de euros (cerca de R$ 6,6 bilhões)
  • Quantidade de funcionários: Aproximadamente 2.000 no Brasil
  • Principais concorrentes: Nespresso, 3 Corações, Melitta

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