"Identificamos ao menos US$ 190 bilhões em oportunidades [de investimento nesses setores] até 2040 para a descarbonização da economia brasileira", afirma Ceotto. Ele destaca que o setor pecuário é o que pode obter os maiores ganhos, já que, em comparação com mais de 20 países, o Brasil apresenta o menor custo para investidores da transição energética até 2050, e a agropecuária é o setor que mais se beneficia em termos de produtividade com a descarbonização.
Ao avaliar os aportes financeiros necessários para esta transição, Ceotto também indica que um cenário que minimize o custo é pouco vantajoso para o Brasil, pois "com um pouco mais de custo, [o país] mais do que duplica o PIB" até 2050.
"Então, o cenário de ser uma potência é mais interessante socioeconomicamente, do que um cenário que minimize o custo. A oportunidade para o Brasil é tão grande, que perseguir minimizar o custo de transição energética é um erro. O que a gente deveria fazer é maximizar o potencial socioeconômico associado a essa transição energética", esclarece o sócio da McKinsey.
O estudo da McKinsey revela ainda que o Brasil pode atender 45% da demanda global por SAF (combustível sustentável de aviação) até 2035 e que 15% do sequestro de carbono global pode ser realizado por meio de soluções climáticas naturais, o maior percentual do mundo. Ceotto também citou que o país detém um quarto da oportunidade global de conservação florestal.
Para concretizar essas oportunidades, Ceotto enfatiza a necessidade urgente de o Brasil estabelecer regras e metodologias para a mensuração da captura de carbono e outros gases pelo solo, considerando as particularidades do clima tropical brasileiro.
"O PL do hidrogênio verde foi sancionado, tem PLs em tramitação da transição energética do carbono, mas um dos maiores vetores é grilagem da terra e a problema de propriedade de terra persiste",diz.