A longo prazo, algumas medidas de Trump poderão aumentar a inflação americana e prejudicar o desempenho de alguns setores da economia no Brasil. Com a subida dos preços, a taxa de juros dos EUA poderá cair menos, forçando o nosso Banco Central a aumentar os juros brasileiro. Isso afeta as empresas nacionais de consumo, imobiliárias e todos os empresários muito endividados, aponta o coordenador do curso de Economia do Ibmec-RJ, Gustavo Moreira.
Quais segmentos devem ficar mais preocupados
Todas as empresas que exportam para os EUA correm risco. Entre os segmentos que mais vendem aos americanos estão o agronegócio, especialmente soja e carnes, siderúrgicas e empresas da área têxtil.
Entrar no enorme varejo interno americano vai ficar mais difícil, porque produtos importados ficam menos atraentes com impostos altos. Isso afeta diretamente, por exemplo, o setor têxtil, no qual o Brasil é um importante fornecedor de roupas e tecidos. As empresas do setor terão de reduzir as margens de lucro e todos os preços na cadeia produtiva devem subir.
Exportadores de commodities também podem ser impactados. Isso aconteceria porque as medidas prometidas por Trump ameaçam reduzir o crescimento econômico chinês, diminuindo a demanda pelas commodities vendidas pelo Brasil ao gigante asiático. Consequentemente, os preços cairiam, achatando o lucro das empresas brasileiras, explica Gustavo Moreira.
No setor de aviação, tanto os custos operacionais quanto o endividamento em moeda estrangeira aumentariam. O que dificultaria ainda mais a sustentabilidade financeira dessas companhias.