Agência dos EUA publica e depois remove dados sobre propagação da gripe aviária entre gatos e pessoas

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Gatos que foram infectados com gripe aviária podem ter transmitido o vírus para humanos na mesma residência e vice-versa, de acordo com dados que apareceram brevemente em um relatório online do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, órgão dos EUA), mas que depois desapareceram abruptamente. Os dados parecem ter sido postados por engano, mas incluem informações cruciais sobre os riscos da gripe aviária para pessoas e animais de estimação.

Em uma residência, um gato infectado pode ter transmitido o vírus para outro gato e para um adolescente humano, de acordo com uma cópia da tabela de dados obtida pelo The New York Times. O gato morreu quatro dias após o início dos sintomas. Em uma segunda residência, o trabalhador de uma fazenda de laticínios infectado parece ter sido o primeiro a apresentar sintomas, e um gato adoeceu dois dias depois e morreu no terceiro dia.

A tabela foi a única menção à gripe aviária em um relatório científico publicado na quarta-feira (5), que de outra forma era dedicado à qualidade do ar e aos incêndios florestais em Los Angeles. A tabela não estava presente em uma cópia embargada do artigo compartilhada com a mídia na terça-feira e não está incluída nas versões atualmente disponíveis online. A tabela apareceu brevemente por volta das 13h, quando o artigo foi postado pela primeira vez, mas não está claro como ou por que o erro pode ter ocorrido.

O vírus, chamado H5N1, é principalmente adaptado a aves, mas tem circulado em gado leiteiro desde o início do ano passado. O H5N1 também infectou pelo menos 67 americanos, mas ainda não tem a capacidade de se espalhar facilmente entre pessoas. Apenas um americano, na Louisiana, morreu de uma infecção por H5N1 até agora.

O documento fazia parte do prestigiado Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade do CDC, que, até duas semanas atrás, era publicado regularmente toda semana desde sua primeira edição, décadas atrás. Mas uma proibição de comunicação na agência havia retido os relatórios, até que o relatório sobre incêndios florestais foi publicado na quarta-feira.

Especialistas disseram que a descoberta de que gatos podem ter transmitido o vírus para pessoas não era totalmente inesperada. Mas ficaram alarmados que a descoberta ainda não tivesse sido divulgada ao público.

"Se há novas evidências sobre o H5N1 que estão sendo retidas por motivos políticos, isso está completamente em desacordo com a responsabilidade do governo, que é proteger o povo americano", diz Jennifer Nuzzo, diretora do Centro de Pandemias da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown.

Segundo ela, era importante que o CDC publicasse imediatamente os dados completos e o contexto em que foram coletados para que outros cientistas pudessem revisá-los.

Os cientistas sabem há muito tempo que os gatos são altamente suscetíveis ao vírus. Pelo menos 85 gatos domésticos foram infectados desde o final de 2022, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. Mas não havia casos documentados anteriormente de gatos transmitindo o vírus para pessoas.

"Dado o número de gatos nos EUA e o contato próximo com pessoas, há definitivamente uma necessid ade de entender o risco potencial", diz Diego Diel, veterinário e virologista da Universidade Cornell.

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Embora os gatos possam ser infectados quando caçam aves selvagens infectadas, os casos entre gatos domésticos nos Estados Unidos começaram a aumentar no ano passado à medida que o vírus se espalhava por fazendas de laticínios. Em muitas fazendas, gatos mortos foram o primeiro sinal de que vacas haviam sido infectadas. Vários casos recentes em gatos de estimação também foram ligados a alimentos crus para animais de estimação contaminados ou leite.

O H5N1 é frequentemente fatal em gatos, que podem desenvolver sintomas neurológicos graves.

Historicamente, o H5N1 afetou principalmente aves. Nos últimos anos, contudo, novas versões do vírus mostraram-se capazes de infectar uma ampla gama de mamíferos, incluindo gatos selvagens e domésticos, focas e vacas leiteiras. Infecções em mamíferos dão ao vírus mais oportunidades de evoluir de maneiras que poderiam permitir que ele infectasse humanos mais facilmente.

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