Ações da Tokyo Metro sobem 45% no maior IPO do Japão desde 2018

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As ações da Tokyo Metro, a rede de metrô subterrânea que transporta mais de 6,5 milhões de passageiros por dia pela capital japonesa, com níveis de pontualidade e limpeza invejados em todo o mundo, dispararam 45% no primeiro dia de negociação na Bolsa de Valores de Tóquio.

A oferta abriu a 1.630 ienes (R$ 60,78) por ação nesta quarta-feira (23), um aumento de 36% em relação ao preço de oferta de 1.200 ienes (R$ 44,75), que era o limite superior da faixa prevista. O valor da ação chegou ao máximo de 1.768 ienes (mais de R$ 65,92) antes de fechar a 1.739 ienes (R$ 64,84), aumento de 44,9%.

A oferta pública da operadora ferroviária japonesa é a maior na Bolsa de Tóquio desde a listagem de US$ 23,5 bilhões (R$ 133,7 bi) da unidade móvel da SoftBank no final de 2018. Os recursos ajudarão o governo japonês a pagar títulos para reconstruir a prefeitura de Fukushima após o desastre nuclear de 2011.

Um excesso de ordens de compra, impulsionado em parte pela imensa popularidade da ferrovia entre investidores de varejo, fez com que as ações não fossem negociadas na primeira hora de negociação em Tóquio.

A listagem, ancorada por uma extensa campanha publicitária na TV e esforços de vendas porta a porta por banqueiros, foi apoiada por mais de 30 corretoras. É o primeiro grande IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) desde que o governo expandiu significativamente um esquema de poupança individual protegido por impostos este ano, visando atrair milhões de japoneses comuns para o mercado de ações.

A tão esperada listagem, que foi altamente supervalorizada e arrecadou US$ 2,3 bilhões (R$ 13 bi), é a primeira privatização de uma empresa estatal no Japão desde os IPOs da JR Kyushu, que arrecadou US$ 4 bilhões (R$ 22,7 bi) em 2016, e da Japan Post um ano antes, que arrecadou US$ 11,7 bilhões (R$ 66,7 bi).

Essas ofertas ocorreram quando o índice de referência Nikkei 225 estava sendo negociado em torno do nível de 17.000. O índice subiu mais de 100% desde então, impulsionado em parte por investidores institucionais apostando que o aumento dos preços ao consumidor e as tentativas do Banco do Japão de "normalizar" a política monetária levarão as famílias a arriscar parte de suas economias em investimentos de maior rendimento, como ações.

Banqueiros envolvidos na listagem disseram que o IPO foi 35 vezes subscrito por investidores institucionais internacionais, 20 vezes por investidores institucionais domésticos e cerca de 10 vezes por investidores de varejo domésticos, que compõem a maior parte do free float.

A operadora de metrô tem atraído investidores de varejo com brindes que vão desde bilhetes de trem até passes para seu próprio museu e campo de golfe.

A capitalização de mercado da Tokyo Metro subiu para cerca de US$ 6,7 bilhões (R$ 38,1 bi).

Além de testar o apetite dos investidores de varejo sob o esquema de poupança isento de impostos expandido, a listagem da Tokyo Metro será acompanhada de perto pela Bain Capital, que busca abrir o capital da Kioxia, o negócio de memória flash adquirido da Toshiba, no início de 2025, segundo fontes próximas.

O IPO segue um período volátil para as ações japonesas, envolvidas no desmonte de um "carry trade" global, bem como no aumento da pressão dos acionistas que levou algumas empresas a fechar capital e realizar aquisições de gestão.

A estreia da Tokyo Metro está ajudando a impulsionar uma recuperação para o mercado de IPOs da Ásia após a listagem de US$ 3,3 bilhões (R$ 18,7 bi) da divisão indiana da Hyundai em Mumbai esta semana. O grupo japonês de tecnologia de raios X Rigaku Holdings está programado para abrir capital na sexta-feira (25), arrecadando US$ 750 milhões (R$ 4,2 bi).

A listagem do sistema de metrô, composto por nove linhas, ocorre enquanto o transporte ferroviário se recupera de um colapso no número de passageiros durante a pandemia de coronavírus. As redes de transporte do Japão também foram impulsionadas por um influxo de turistas.

A Tokyo Metro, que remonta a 1920, está relativamente protegida da queda no número de passageiros relacionada à diminuição da população do Japão, com a capital com previsão de crescimento até 2030, de acordo com previsões do governo local.

Apesar dos esforços dos subscritores para apresentar a Tokyo Metro como uma empresa com perspectivas de crescimento a longo prazo, vários gestores de fundos disseram estar desapontados com o prospecto e optaram por não subscrever.

Folha Mercado

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A ação, disse um gestor, provavelmente não será valorizada como um beneficiário significativo do boom do turismo do país e, em última análise, será vítima da população em declínio e envelhecimento.

Além dos brindes para os acionistas, os investidores de varejo estão sendo atraídos pelo rendimento de dividendos de 3,3% que a empresa oferecerá —acima dos rivais listados, como a Kyushu Railway e a East Japan Railway Company.

Shingo Ide, estrategista-chefe de ações do NLI Research Institute, disse que a Tokyo Metro atrairia investidores como uma ação de renda com lucros estáveis, mas não apresentava oportunidades para crescimento sério.

"É o primeiro grande IPO em muito tempo. É uma empresa que ninguém desconhece [no Japão]", disse ele. "Pode ser negativo para outras ações de rendimento, como [o grupo de telecomunicações] NTT ou a East Japan Railway Company."

Ide acrescentou que outros operadores ferroviários eram mais atraentes para investidores institucionais, já que uma parte maior de suas receitas vem do setor imobiliário, criando oportunidades para retornos maiores em comparação com os 90% das receitas derivadas do negócio principal de transporte da Tokyo Metro.

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