Imagine que você está organizando um jantar especial. Em vez de cozinhar, decide contratar um chef para cuidar de tudo. Ele escolhe o menu, compra os ingredientes e prepara os pratos. Parece perfeito, não? Mas, e se os convidados não gostarem da comida, pois ele errou no tempero? Ou se o custo do jantar acabar saindo muito acima do esperado? Você se deu o luxo de não precisar colocar a mão na massa, mas correu o risco de não participar das decisões que poderiam ter evitado diversos problemas.
Essa é a lógica por trás da carteira administrada. Ao delegar o gerenciamento dos seus investimentos a uma equipe de especialistas, você confia no talento e na experiência deles para alcançar seus objetivos financeiros. Mas será que essa suposta tranquilidade vale a pena?
A carteira administrada é um modelo de gestão em que você delega o controle dos seus investimentos a uma equipe de especialistas. É diferente de um fundo de investimento, porque os ativos continuam no seu nome, mas são gerenciados por profissionais que criam uma estratégia personalizada com base nos seus objetivos e perfil de risco. Parece ideal, certo? Afinal, quem não gostaria de um plano de investimentos feito sob medida?
Porém, há desvantagens que precisam ser consideradas antes de optar por essa modalidade. Primeiro, ao entregar o controle total da sua carteira a um gestor, você abre mão de participar diretamente das decisões. Isso pode ser confortável no início, mas também significa que, se o gestor errar, todo o seu patrimônio estará exposto a esse erro, como se você tivesse investido em um único fundo de investimento.
Além disso, ao delegar completamente, você perde a oportunidade de aprender sobre as decisões e estratégias que moldam seus investimentos, o que poderia ser valioso para sua educação financeira a longo prazo.
Outro ponto importante é o custo. A taxa de administração da carteira administrada tende a ser mais alta do que a dos fundos convencionais, justamente pela personalização e pelo trabalho adicional de gestão. Esse custo pode comprometer o retorno final, especialmente se a performance não compensar a diferença. E não se esqueça de que você será responsável pela gestão tributária dos seus investimentos, como calcular e recolher o imposto de renda, algo que é automático em fundos tradicionais.
Além disso, muitas vezes, a carteira administrada exige um capital inicial elevado para ser viável, o que pode limitar o acesso a investidores menores. E, por mais competente que seja a equipe gestora, a qualidade da gestão depende de pessoas e decisões humanas, que estão sujeitas a erros e a fatores imprevisíveis do mercado. Para investidores iniciantes ou ansiosos, essa modalidade pode gerar mais dúvidas do que tranquilidade.
Então, compensa ter uma carteira administrada? Depende. Se você busca conveniência e está disposto a pagar por isso, pode ser uma boa opção. Mas, para muitos investidores, contar com um bom assessor de investimentos é uma alternativa mais vantajosa. Um bom assessor ajuda você a tomar decisões, mantendo controle sobre sua carteira, aprendendo com o processo e garantindo que seus objetivos financeiros estejam sempre no centro da estratégia.
Investir não é apenas sobre rentabilidade; é sobre entendimento e controle. Ao planejar sua carteira, pergunte-se: estou disposto a abrir mão de entender e participar do meu próprio futuro financeiro? Afinal, ter o controle e o conhecimento pode ser o maior investimento que você faz em si mesmo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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