Uma pesquisa analisou a demanda por serviços odontológicos no Brasil, revelando que 68% dos entrevistados visitaram o dentista nos últimos 12 meses —com predominância entre mulheres. O procedimento de limpeza foi o mais comum, realizado por 3 em cada 4 adultos atendidos.
O levantamento mostrou que 23% dos pacientes utilizaram o SUS (Sistema Único de Saúde) para atendimento odontológico, sendo esta parcela majoritariamente composta por indivíduos com menor nível educacional e renda mais baixa. Em contraste, 74% dos atendimentos ocorreram na rede privada, evidenciando que a procura por serviços particulares ainda supera amplamente a demanda pelo sistema público de saúde.
Dados revisados em 2023 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que, dos 8 bilhões de pessoas no mundo, aproximadamente 2,5 bilhões têm cárie ativa, e 1,1 bilhão sofre de doença periodontal, envolvendo gengiva e osso, afirma Ricardo Amore, mestre e doutor em dentística pela Unesp, professor na São Leopoldo Mandic em São Paulo e palestrante na Curaprox Academy.
Essas são as duas doenças crônicas mais comuns globalmente, e a prevenção é essencial, principalmente no controle do consumo de açúcar e na manutenção de uma higiene oral eficaz. Além disso, há cerca de 350 milhões de pessoas no mundo sem dentes (20 a 25 milhões no Brasil), e estima-se que esse número no Brasil subirá para 44 milhões até 2040, destacando a urgência de medidas preventivas eficazes na odontologia.
O estudo, conduzido entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024 pela Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos) em parceria com o CFO (Conselho Federal de Odontologia), reuniu 3.004 participantes, levando em consideração fatores como região, renda e nível de educação. Gênero, escolaridade e status socioeconômico foram identificados como fatores determinantes para o acesso aos serviços odontológicos.
Os dados apontaram uma significativa desigualdade no acesso ao atendimento: 75% dos pacientes com ensino superior buscaram o dentista, enquanto apenas 54% dos brasileiros com escolaridade básica fizeram o mesmo. A disparidade também é evidente em relação à renda, com 80% das pessoas que ganham mais de dez salários mínimos frequentando o dentista regularmente, comparados a apenas 59% entre aqueles com renda de até um salário mínimo.
Ricardo Amore enfatiza que a discussão transcende a saúde oral. "A premissa é que a saúde geral está intrinsecamente ligada à saúde oral, pois várias partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins e fígado, podem ser afetadas por doenças orais. Além disso, condições sistêmicas como diabetes também são significativamente influenciadas pela saúde oral."
Regionalmente, a pesquisa mostra que São Paulo, além de ser o estado com maior adesão aos serviços odontológicos, registra o maior gasto médio com tratamentos, alcançando R$ 1.500 por paciente —acima da média nacional de R$ 1.200.
O dentista cita também a importância da prevenção na saúde oral. "A prevenção efetiva envolve ensinar técnicas adequadas de higiene oral", como a escovação correta.
Ainda em relação aos custos, cerca de um terço dos pacientes utilizou planos ou convênios odontológicos para cobrir os tratamentos. Os maiores gastos foram registrados por pacientes que buscaram atendimento em grandes clínicas ou hospitais privados.