Ex-funcionários do X (antigo Twitter) estão obtendo vitórias em ações na Justiça contra as demissões em massa feitas pela empresa, logo após Elon Musk comprá-la em 2022.
Quatro ex-trabalhadores da rede social venceram recentemente processos nos quais alegavam que não receberam indenizações ao serem demitidos, de acordo com um memorando visto pela Bloomberg News.
Há mais de dois anos, Musk pediu aos funcionários do X, em um email entitulado "Uma Encruzilhada", que se comprometessem com um ambiente de trabalho "extremamente hardcore" ou deixassem a empresa.
As estratégias de corte de custos de Musk são semelhantes às que o bilionário vem adotado atualmente para reduzir o número de servidores nos EUA —o que incluiu recentemente o envio de um email com o mesmo assunto "Encruzilhada" para mais de dois milhões de trabalhadores federais.
O email deu aos funcionários públicos a opção de se demitir, mas serem pagos até o final de setembro, enquanto os alertava sobre a redução iminente.
A comunicação pelo correio eletrônico foi enviada aos servidores quando Musk começou seu novo papel liderando um esforço federal de corte de custos como um conselheiro-chave do Departamento de Eficiência Governamental da gestão Donald Trump.
Os emails semelhantes enviados aos trabalhadores federais agora são objeto de vários processos judiciais. Musk e representantes do X não responderam aos pedidos de comentário.
No X, os quatro trabalhadores afirmaram que não responderam ao email, não se demitiram e foram demitidos, o que significa que tinham direito à indenização prometida pela empresa antes de Musk comprá-la. As vitórias dos quatro funcionários não eram de conhecimento público até então.
Após Musk comprar a empresa de rede social por US$ 44 bilhões e prontamente demitir mais da metade da equipe, ex-funcionários entraram com processos na Justiça. As perdas iniciais de Musk nos tribunais podem aumentar a pressão por um acordo em ações com o mesmo motivo apresentadas por outros ex-funcionários que afirmam ter direito a valores que variam entre US$ 100 mil a US$ 1 milhão.
Shannon Liss-Riordan, advogada que representa ex-funcionários nos processos, escreveu no memorando que os 20 casos que venceu até agora custaram à empresa pelo menos o dobro do valor da indenização pedida, porque as decisões também incluíram juros, despesas de arbitragem e honorários advocatícios.
O memorando foi obtido de um ex-funcionário do X que pediu para não ser identificado ao divulgar informações confidenciais. Em resposta a um pedido de comentário, Liss-Riordan disse que não pode discutir detalhes sobre as indenizações porque a empresa insistiu que elas permanecessem confidenciais. Ela está representando mais de 2.000 ex-funcionários em disputas legais contra Musk.
PRECEDENTE NA IRLANDA
A maioria das disputas contra o X nos EUA foi conduzida perante juízes privados porque os funcionários renunciaram ao direito de processar em tribunal aberto. No ano passado, na Irlanda, um ex-funcionário do setor de compras na filial de Dublin recebeu mais de 550 mil euros (R$ 3,33 bilhões no câmbio atual) pela Comissão de Relações de Trabalho em um caso que se tornou público e marcou a maior soma que a agência já havia concedido. Na época, Musk usou uma estratégia semelhante à adotada atualmente.